quinta-feira, 15 de outubro de 2009

CARTA ABERTA AO MINISTRO DA JUSTIÇA

Pela Advogada Dra. Vera Lucia Conceição Vassouras

“I HAVE A LOT OF MONEY FOR YOU. AND THEN, I MAKE YOU MY BICH”

(Hostel - Quentin Tarantino)

QUÊ JUSTIÇA?

Na retórica arcaica, denominada culta, o discurso se iniciava com o uso do termo “prolegômenos”. Talvez por soar como um palavrão (no sentido pejorativo da palavra) caiu em desuso. Mudou para “preliminares”. Afirmam que nós, esses seres da zoologia intitulados mulheres, conhecemos muito bem o sentido das preliminares, ou seja: antes dos fatos, as razões; dos princípios, os fundamentos morais e/ou espirituais (éticos, no sentido platônico), nos quais embasamos culturalmente nossa conduta, seja por meio dos atos, fatos (fenômenos) ou fala. Atualmente, as preliminares (os princípios) estão absorvidas pelos fatos; os fatos pelas imagens; as imagens, pela ilusão; a ilusão, pelo sonambulismo. Catastrófico? Não, simplesmente o resultado das teorias de Darwin: a evolução. O homenageado e atraiçoado cientista foi substituído por Raul Seixas, muito mais verídico no que se refere à evolução da espécie zoológica denominada humana: a metamorfose. Para o primeiro, a evolução é degeneração, conforme entenderam os bárbaros. Para o segundo, a metamorfose, em busca do novo, da ultrapassagem da barbárie: o viver após a caça, a contemplar a própria digestão (dinheiro, poder sobre os outros, assassinatos) para satisfazer a fome de (in) justiça, liberdade e igualdade de bárbaros, entre bárbaros e para seus próprios fins: de direito dos bárbaros.

Sinto-me forçada a optar pelas seguintes premissas. Primeiro, referirme-ei ao próprio ministro como referirme-ia a qualquer pessoa, sem uso dos arcaicos e senhoriais pró-nomes de tratamento impostos pelo controle da linguagem. Segundo, como uma tentativa de explicitação do termo ministrar no seu sentido lato.

Admito que esteja de acordo, hoje e cada dia mais, com a inutilidade da escrita. Entrei para o Clube dos Des-esperados (Pedro García Olivo), dos terroristas (Jean Baudrillard), daqueles que acreditam na possibilidade de alguma lucidez (Saramago), ou daqueles que, munidos do poder do fogo (Alan Moore), conclamam a humanidade a abandonar o espírito de ovelha (Zaratustra/Nietzsche).

MINISTRAR

Considerando-se que o novo ministro da justiça é oriundo do Estado mais alfabetizado do país, conclui-se que tem conhecimento do significado que a chamada civilização (antiga) deu ao termo. Por outro lado, declaro a palavra JUSTIÇA putrefata. Seu cadáver foi contaminado com várias e perigosas espécies de vírus e, em consequencia, não se decompõe totalmente à espera de que a natureza (ou a ciência) produza elementos capazes de fazê-la desaparecer por completo. Ou a metamorfoseie pelo bem da espécie e sem perigo de novos contágios.

Essa justiça que tenho qualificado como “administração da (in) justiça”, o que também é uma aberração, eis que ninguém pode administrar uma abstração da civilização (no que tem de bela e uma aberração no que tem de fato), passarei a denominá-la, tanto aqui, como acolá, de administração dos conflitos (outro erro, melhor seria denominá-la como pacificadora de conflitos e, num futuro muito remoto, se ainda existir tal organização, será assim denominada, último subterfúgio para sua sobrevivência como sistema). À moda dos indígenas e seu pajés, dos judeus e seus rabinos, dos mulçumanos e seus Imãs, dos sectários e seus senhores. Rápida, ágil, numa conversa entre os interessados, comunitários. Ou irmãos, máfias, facínoras, nobres e sociopatas, esses últimos os fazedores das leis e os guardiões da denominada justiça.

Estamos no século XXI e o sistema fincou suas bases no velho testamento e nas organizações inquisitoriais com seus mil tentáculos de seitas e cultos e mitos e ritos e sacralizações palácio-cortezãs, contra tudo o que se move, se metamorfoseia, se ilumina, cria, cresce, ri, evolui.

Competência constitucional do Ministério da Justiça, órgão da administração federal direta, tem como área de competência, além de outros, o seguinte assunto: a defesa da ordem jurídica, dos direitos políticos e das garantias constitucionais.

A CARTA

Caríssimo Tarso Genro,

Exercerá este cargo “absolutamente político” como exerceu Márcio Tomaz, o qual, excetuando-se o trabalho contra algumas quadrilhas, por meio da Polícia Federal, não legou nada às próximas gerações? Lembra-se quanto recebiam os membros da Cor-te no início do primeiro mandato de Lula? Lembra-se da caixa-preta? Quanto ganham agora? O dobro? O triplo? Embora o material dessa caixa seja feito de vidro, permanece hermeticamente fechada. Fechada por juramentos e segredos e acordos e acórdãos. Enquanto isso, os Cesares Batistis continuam encarcerados, fora e dentro das prisões do sistema.

Exercerá esse chamado poder imposto pelos Executivos e Legislativos federais e estaduais, único poder independente da Nação, independente do povo (que não o elege), independente de fiscalização, independente de sanções e dependente dos impostos pagos com a miséria dos administrados? Ou chamará a população e os milhares de advogados para se pronunciarem e denunciar essa camarilha que tomou conta desse vergonhoso sistema de privilégios e aposentadorias para milhares de famílias, agregados e simpatizantes? Ou continuará a farsa das discussões com “operadores do direito”, cujos lobbies estão sempre compostos por presidentes de ordens, notáveis juristas e desembargadores-gerentes?

Exercerá como um homem ou será mais um gerente nacional de corporações e in-corporações inter-nacionais, apoiando a legislação criminosa, medieval, tecnológica, embrutecedora, promovida por quadrilhas especializadas?

Respeitará a capacidade de entender de parcela dos habitantes desse território, ou permitirá que o estelionato continue impune, com a morte programática dos princípios constitucionais, em especial, da Assembléia Nacional Constituinte (a última, aliás, vulgar e cinicamente violada pessoal e privativamente pelo ex-ministro da Corte Suprema, um réu confesso, hoje responsável pela defesa do país), diante do aprofundamento do estupro diário caracterizado pela promulgação alucinada de Medidas Provisórias e Emendas, transformando o conteúdo da Constituição num espantalho ao qual cada quadrilha organizada dentro do poder adiciona, diariamente, mais um remendo com o objetivo de beneficiar os servos das inúmeras glebas?

Permitirá que as faculdades de direito e suas cadeiras de direito constitucional continuem ocupadas por esses estelionatários? Aliás, permitirá que as novas gerações sejam dizimadas completamente em suas possibilidades de entendimento, sucumbindo de vez às barbáries jurídicas sem quaisquer possibilidades de retorno do totalitarismo e plutocracia instalados pela democracia virtual a que estamos submetidos?

Qual será sua diferença? Exercerá como as mulheres-homens da Corte Suprema, cujos úteros atrofiados reclamam igualdade e cujas calças, pousadas para fotógrafos bem colocados, servem como conteúdo propagandístico, simulação e desejo de serem apenas “homens” entre os homens? Imagens de mulheres, nenhuma diferença em sua psicologia.

Aliás, até quando usar-se-á esse termo medieval? Corte? Quê Corte? De quê rei? De quê rainha? A Rainha da Inglaterra? Ou o rei Jesus? Cujas infinitas réplicas de corpos torturados encontram-se expostas nesta cruz obscena em todos os Tribunais do país? Já entrou no Palácio (Palácio?) da (in) justiça de São Paulo? É ignóbil, para dizer o mínimo. Acima da sala do tribunal do Júri (reservado apenas aos criminosos da elite), um enorme crucifixo, abaixo, uma espécie de altar. Flores e luzes imitando a luminosidade de velas. Estado leigo, ou a arquitetura medieval do braço secular? Quero um machado de xangô nas paredes dos tribunais, quero Alah, quero um Talmud e quero o sol, a lua, as estrelas. Ou nada! No século vinte e um, os tribunais rendem homenagens ao maior símbolo de tortura que a civilização já produziu, reproduziu e reproduz. Não basta? Que acordo é este? Porque não admitir, de uma vez por todas, a submissão de seu ministério à Igreja Católica Apostólica e Romana? Nós, os ateus, os africanos, os contribuintes e consumidores temos habilidade para construir nossa própria maneira de atingir a pacificação de nossos conflitos. Os judeus têm os rabinos. Os muçulmanos têm os imãs, os índios têm os pajés. Os católicos e a elite têm as Cortes e os Tribunais. Sugiro que se inicie uma consulta para que seja criada uma organização para os pobres, os pagadores de impostos, os eleitores, sem qualquer contrato com a organização judiciária im-posta. Para os pobres e os livres pensadores, esse sistema judiciário é apenas uma máquina de tortura e morte.

Quê Corte? Quê Supremo? Supremo em quê? Em interferir na política externa e interna do país, sob o argumento de “Interpretação” legal das falsas ADINS? (Quem sabe o que é uma Adin? Uma ação direta de inconstitucionalidade que só pode ser distribuída por aqueles com o poder de criar brechas nas leis que possam permitir tal ocorrência, um subterfúgio para que o judiciário legisle dentro da lei).

Tudo certo. Tudo dominado. Depois, as televisões, de propriedade dos políticos, entregam um texto pronto para os repórteres-robôs a soldo e todos repetem exaustivamente a mesma ladainha: respeitamos a decisão da justiça! Tudo combinado. O sentimento de justiça transmuta-se em doenças psíquicas. O populacho vota em um político para representá-lo no Congresso. Assumido o cargo, torna-se um gerente dos negócios do Estado em empresas que movem a chamada economia. Ou vai integrar os tribunais ou, ainda, sai dos tribunais para integrar o executivo. A velha porta-giratória na qual se perdem os limites dos gerenciamentos do país, e executivo, legislativo e judiciário moldam-se numa figura disforme, além das formas do velho Leviatã. Tudo farsa.

Os familiares e agregados do judiciário assumem cargos por meio de “com-cursos”, depois são votados para o legislativo, muitos, sem nunca terem exercido qualquer função no judiciário, outros são eleitos para o executivo. Ao final, o judiciário legisla e executa sua legislação. Não passou da hora dessa gente escolher em qual dos poderes quer atuar? E as teorias de Maquiavel no que se refere à separação dos poderes? Que ciranda imoral é essa que se perpetua sem que ninguém ouse sequer mencionar? Políticos no executivo; juízes no legislativo e no executivo; políticos no judiciário. Troca de gerenciamentos, permissiva, cínica. Troca de atividades políticas e jurídicas por empresas públicas que administram interesses privados.

Acreditam que o populacho, os leigos e os súditos estão todos cegos, surdos e imbecilizados?

Esses criminosos devem indenizar suas vítimas

Todos sabem o que ocorreu e continua ocorrendo na Argentina e na Venezuela. Juízes de quaisquer níveis hierárquicos estão sendo punidos com a perda do cargo, sem direito a aposentadorias compulsórias, monstruosidade que se aplica, à guisa de sanção, aos criminosos togados do Brasil. Naqueles países, também têm sido obrigados a indenizar as vítimas por suas barbaridades jurídicas. Na Venezuela, ao responderem a processos, são imediatamente colocados fora de suas funções e passam a receber, como qualquer trabalhador leigo, um salário mínimo para sua sobrevivência.

Tais decisões não são justas?

O que é mais vil?

O ministro já visitou um centro de reciclagem? A atividade mais vil a que um ser humano pode estar submetido é a reciclagem de lixo. É o final da cadeia de consumo (meta final da demo-cracia e testemunho do desperdício das castas superiores). É horrível. É nojenta. É desumana. Embora paguemos taxas de coleta de lixo, para beneficiar os empresários da corrupção ativa e passiva, o lixo chega totalmente misturado, inclusive com lixos tóxicos dos hospitais e o reciclador adoece e, sem medicina, morre. Isto não é um caso para sua pasta? E na outra ponta, a das cortes e dos palácios? Você, leitor, já entrou nessas cortes de justiça? Quantas horas e quantos dias por mês essa massa trabalha? O salário de um desses cortesões seria suficiente para alimentar umas 20.000 famílias ou 100.000 pessoas. Qual o trabalho mais importante para a coletividade, para o bem comum? O trabalho de um lixeiro ou o trabalho de um togado? Não passou da hora de reciclar esses políticos togados? Onde estas duas pontas, entre a exuberância e a feiúra, consumo e a abstinência, a destruição e a produção se tocam?

“O ministério é o mais político”

Ao tomar posse, o ministro afirmou que o ministério da justiça “era o mais político de todos os ministérios”. Isso é um avanço. Portanto, sugiro que mude o nome do ministério da justiça para Escritório Central dos Negócios do Judiciário. Todos sabem que o judiciário, por estar completamente alijado do povo, sem fiscalização, é negócio muito lucrativo para uma considerável parcela das castas dirigentes, em especial dos destruidores das florestas, os empresários do papel e, evidentemente, dos bancos e das empresas privatizadas.

O Ministro tem conhecimento de que, pelo menos 30% das ações (senão mais) distribuídas no Brasil são falsas? São apenas formas de lavagem de dinheiro? O lobby aprovou uma lei que afirma não ser necessário reconhecer as assinaturas das procurações nos cartórios. Também não há necessidade de fornecer números de CPF e, às vezes, nem RG. Se o autor (ou autora) for uma juíza, não há necessidade de nenhum dado pessoal, basta indicar a profissão (990.09.136055-4 – 10ª. Câmara Criminal). Os advogados também escondem em suas procurações os números de seus documentos pessoais, assim como as pessoas que estão sentadas nos gabinetes, agindo como juízes, não possuem qualquer identificação para que o súdito saiba com quem está lidando. Poucos possuem talento ou dom para o serviço público. Não têm tolerância, paciência. Não foram educados para a leitura e desenvolvimento intelectual. Odeiam o novo. Não suportam nenhum ato de elevação do espírito.

Aliás, a arrogância dessa massa só pode ser justificada pela ignorância e medo. Afirmo que importante parcela jamais sentou em bancos universitários. É mentira? Então, que se faça um provão, daqueles que se fazem para as criancinhas ou para os bacharéis proprietários de diplomas que jamais serão usados para fins humanitários.

As barbaridades só podem ser justificadas pela fraude e essas fraudes têm produzido cadáveres em demasia, dores em demasia, sofrimentos em demasia e não somos norte-americanos para admitir isso por mais tempo. Nosso sangue de índio e de negro é um antídoto contra essa degeneração.

Interessante salientar a propaganda atual do CNJ: "A gente não quer mais que você envelheça aguardando uma decisão do judiciário". Agora, somente agora, o judiciário começa a permitir que autores tenham esperança numa vida sem angústias, dores e morte, enquanto aguardam uma resposta, quiçá, antes de se transmutarem em espólios (do estado). Agora, a propaganda gera esperança e fé, como o deus do velho testamento afirma: "Não matarás, porém, eu, o altíssimo, disponho do direito de persegui-lo e matá-lo, assim como aos filhos de seus filhos e aos filhos dos filhos de seus filhos, até a quarta geração".

Seria possível descobrir como estas quadrilhas atuam? Simples, bastaria verificar o andamento dos processos. Os processos das quadrilhas são rápidos e eficazes em todas as instâncias. Os processos do populacho simplesmente ficam à espera da desistência, das doenças e da morte: processo civil do inimigo/processo penal do inimigo e sem direito à aplicação de princípios. A norma é feita na hora, dependendo do humor do juiz e, se não gostar, nada de alegar nulidades, recorra e pague para recorrer, com dinheiro vivo, “in cash”. O judiciário não financia seus serviços, é tudo à vista, como nos jornais e nas igrejas. O sangue, após os golpes diários de injustiças, escorre diante de olhos que já não ensaiam sua cegueira. De todos. Cenas hollywoodianas. Eles, os atores. Nós, os coadjuvantes obrigatórios. Aqueles que sofrem. Os que morrem. Os sem-lei, sem-teto, sem-voz. Os pagadores de impostos.

Indagações pessoais ou a perseguição que não tem fim

Pode um músico perder seus direitos autorais após reconquistá-los por meio de uma sentença? Se houver prejuízos à indústria do entretenimento: Direito Processual do inimigo. Pode um juiz negar-se a executar uma sentença decorrente de direitos autorais? O maestro Zé Gomes está morto, o Rio Grande perdeu uma de seus maiores músicos. O judiciário o matou em co-autoria. E esse é apenas um exemplo.

Podem advogados descumprir a lei, cometer crimes e serem protegidos por ações e omissões do judiciário? Podem, quando a interessada é esta que escreve.

Pode uma juíza se recusar a liquidar uma sentença de mais de uma década? Pode, e se deixar de usar a linguagem da servidão, a instituição se encarrega de arranjar uma ficha criminal. Se reclamar na Corregedoria comete o delito de crime contra a honra.

Pode um cidadão ter seu nome usado pela gerência do Banco Nossa Caixa, como caixa dois, após deixar de pagar 137 empréstimos consecutivos que jamais fez? Pablo Ossipoff voltou-se contra a advogada, mas até o momento jamais teve uma resposta do judiciário. Se respondesse por seus atos e estivéssemos no Japão, o governador de santo paulo teria de cometer suicídio.

Pode uma advogada permanecer vítima de um processo que se iniciou, há dez anos, por meio de uma fraude processual e ser mantida refém de advogados, juízes, desembargadores e ministros, todos unidos apenas com o objetivo de se protegerem mutuamente? Será necessário proceder como alguns cidadãos e procurar ajuda em organismos internacionais para que um togado cumpra seu mister e leia os processos oriundos de nulidades jurídicas que já condenou esta que escreve às mais variadas penas de tortura, dentre elas a perda de seus bens, a violação de sua moral, a falta de meios de sobrevivência e o pior: os danos psíquicos que jamais poderão ser reparados?

Todos os exemplos acima indicados foram objeto de denúncias perante o Conselho Nacional de Justiça e Corregedoria de São Paulo, além de recursos, mandados de segurança e outras tentativas vãs. Ninguém lê. Pode um juiz, desembargador ou ministro, deixar de ler os documentos que chegam às suas mãos? No Brasil, pode. No que se refere à responsabilidade, essa classe profissional é comparada às crianças (ricas, evidentemente) e aos doentes mentais: não tem responsabilidade, são inimputáveis e, como informa a Constituição do Estado de São Paulo: juízes são considerados órgãos do executivo (???) e, como tal, toda ação que se mova contra eles, deve ser distribuída contra o Estado e, por meio de seus órgãos-juiz decidirá. Na rara hipótese de ganho de causa (eu, particularmente não conheço nenhum processo no qual o Estado tenha sido condenado por negligência ou improbidade administrativa de “seus órgãos”), o infeliz, se sobrevier aos recursos, cuja decisão poderá demorar 100 anos, esperará mais 100 para receber o chamado precatório. A isso se dá o nome de justiça. O Estado erra, através de seus "órgãos" e o populacho paga a conta.

Marginais das castas dirigentes recebem ordem de soltura, duas horas após as prisões (em feriados ou finais de semana) já estão em liberdade. Uma desgraçada que furtou um pote de manteiga permanece presa por quatro meses e é condenada. Isso é política criminal de um estado assassino ou a descarada aplicação do direito penal ao inimigo.

Quando centenas de milhares de pessoas morrem ou adoecem em todo o território nacional por culpa da preguiça, da negligência, do descaso ou, simplesmente, da vingança de alguns juízes, desembargadores, ministros, delegados, promotores públicos. Isso é politicagem, malandragem, banditismo, terrorismo de estado.

Quando ex-presidentes, ex-desembargadores, ex-ministros, ex-procuradores, ex-promotores aposentam-se e passam a advogar ou assessorar criminosos das castas dirigentes, isso é politicalha.

Quando encarcerados são retirados das penitenciárias e presídios com autorizações formais ou secretas e são obrigados a cometer os mais variados delitos para as castas dirigentes, sob pena de morte e humilhações, isso é barbárie institucionalizada.

Quando leis são promulgadas com a finalidade de formalizar as salvaguardas de bandidos das castas dirigentes, prejudicando milhões de pessoas, quê é isso? Os jovens, por exemplo, estão proibidos de trabalhar, para sua proteção, todavia, podem votar, transformarem-se em alcoólatras, ladrões, drogados, vítimas dos mais variados abusos, sexuais, mentais e das químicas alimentícias. Cadeia é seu futuro. Trabalho não, exceto o escravo, liberado pelos institucionalizados que não se limitam a perseguir fiscais e promotores públicos: os matam, real ou simbolicamente. Crianças e jovens só podem trabalhar para o “mercado” de consumo, incluindo-se o mercado da prostituição, criados e fomentados pelas castas superiores.

Quando as “excelências”, aumentando o campo de sua impunidade, sentem-se confortáveis em impingir a morte de milhares de pessoas, causarem enfermidades variadas, perturbarem física, mental e espiritualmente aqueles que, iludidos, procuram o sistema para dirimir suas controvérsias civis e penais, quê é isso? Genocídio institucionalizado.

Quando um eleito, apenas por ser estranho ao sistema é impedido de exercer seu mandato porque um juiz eleitoral decidiu, em nome de um poder usurpado, contra o poder popular, quê é isso? Criminosos travestidos de empresários, latifundiários, industriais, médicos, bacharéis, usam do mandato para saquear o país e continuam soltos, a soldo do Estado e proprietários de candidaturas hereditárias.

Continuará o ministro trocando o chimarrão pelo chá das cinco? Anote que, por supervisão da ONU, todas as xícaras são cor-de-rosa e devem ser tomadas de quatro, as patinhas fixas no chão e o rabinho abanando para seus donos. Isso, que eu saiba, jamais foi procedimento de gaúcho.

“Temos que respeitar as regras do jogo”

Quantas vezes já ouvimos essa frase? Que jogo, cara-pálida? O jogo da demo-cracia totalitária global. Mecânica demo-crática. A lei? Ora, a lei é a regra do jogo. A regra e a legislação. A lei existe para as arquibancadas, os pagadores dos custos do trabalho do judiciário. No judiciário, para jogar deve-se respeitar as regras. No futebol, a cultura esportiva das castas dirigentes, um juiz que desrespeita as regras volta atrás ou é punido. No judiciário, quer dizer, na justiça política a regra é manter a simulação, até a morte, por enquanto e só por enquanto. Dos outros.

Sugiro que o ministro permita que milhões de brasileiros possam fazer suas denúncias sem quaisquer necessidades formais. Sugiro que nós, os inconformados, os perseguidos, sejamos ouvidos, tenhamos o direito de usar a voz. Na realidade, não temos ninguém que nos represente. Todas as representações são falácias, pois feitas por pessoas que desconhecem o dia a dia do judiciário. Não somos notáveis, apenas trabalhadores destituídos da possibilidade do direito ao trabalho. Estamos sós. Somos, na maioria, medrosos, doentes, infelizes, ignorantes. Párias. Nós e nossos clientes. Os que restam, os que resistem, os que ainda não foram assassinados pelo sistema. Pergunte ministro, ao povo, ao populacho, ao cidadão-contribuinte: quantos já morreram, quantas vidas foram ceifadas pela foice travestida em espada desta prostituta que usurpou o nome da justiça? Pergunte ministro, quanta infelicidade, doenças psíquicas e físicas, a incompetência e descaso com a lei, que eles próprios criam, têm causado à sociedade? Pergunte quanto dinheiro sacam da sociedade e devolvem com as tonalidades da dor e desesperança? Indague, quantos de meus clientes morrem por culpa de procedimentos criminosos do sistema judiciário? Pergunte que preço nós, os não-adestrados, os de livre pensamento, os desajustados, os inconformados, estamos pagando para manter o mínimo de dignidade em nossa vida cotidiana? Pergunte ministro, pergunte...

Quero o cumprimento de meu direito a ser lida. Aliás, exijo ser lida. Recebem para ler e para decidir dentro da lei. Não respeito as regras do jogo. Não jogo. Sou contra os jogos. Vocês criaram as leis, tratem de respeitá-la.

Um alerta também à Ordem dos Advogados do Brasil, de São Paulo que, sem respeitar os motivos pelos quais foi fundada, age contra todos os advogados que militam a favor da verdade contra todas as injustiças, aliando-se a agentes criminosos que pretendem calar os não adestrados, em especial, os profanos, como esta que escreve, e os que entendem que a verdade da lei está na felicidade que consegue imprimir nas relações humanas, como já dizia o velho e olvidado Aristóteles

Caríssimo ministro: estou farta. Não conseguiram conduzir-me à loucura devido à minha genética. Aliás, estou a ponto de denunciar justamente o fato de minha genética ser responsável pelo RACISMO e o SEXISMO promovido contra meu trabalho, afinal, minha única fonte de renda. Não conseguiram conduzir-me à indigência, pois tenho mãe e amigos. Também sei que não sou o único caso, há um número considerável de advogados que simplesmente estão impedidos de advogar, parlamentares impedidos de legislar, promotores impedidos de fiscalizar, juízes impedidos de sentenciar, pessoas impedidas de viver com dignidade, obstruídas em seu desenvolvimento pessoal e espiritual.

No meu caso, sequer uma certidão solicitada é expedida. Para mim, forjaram leis processuais e civis nos fornos da inquisição. Tenho lutado cansativamente contra espíritos da Idade Média. Não sou coveira, estou farta de apresentar atestados de óbitos repletos de lágrimas, enquanto a canalha, com dinheiro público, se mantém impune e imune.

O resto é fraude

Trata-se, ministro, de um genocídio organizado, de uma questão de saúde pública. Trata-se de uma luta da civilização contra a barbárie. Trata-se de um direito internacional humano de acesso à chamada justiça, dentro da lei e fora das regras do jogo dos interesses privados e das seitas que dominam quase a totalidade do ambiente público. Um juiz erra e todo o sistema se movimenta para manter o erro, mesmo diante do acúmulo de desgraças que tais erros disseminam no corpo social.

Um juiz erra, e toda a estrutura palaciana se abala. As rachaduras já são vistas pelos que estão fora dos muros legais das fortalezas medievais.

Estamos fartos e preocupados com a corporação dos bacharéis, embora ainda existam seres capazes de se apresentar como indivíduos. Basta verificar que os melhores juízes e promotores permanecem sem quaisquer possibilidades de ascensão ou condições de trabalho, atuando como os favelados do sistema, enquanto as luzes dos palácios e das cortes permanecem acesas em festins diários. E são processados e perseguidos. Esta é a política da justiça.

Aguardamos, do ministro da justiça, o mínimo de justeza em sua política. Não aquela que determinaram como regras, aquelas de um jogo da des-razão. A Justiça que independe de regras escritas, de leis estatuídas, de decisões simuladas e de autoridades. A justiça é um sentimento nascido da verdade, uma verdade envolta nas vestes da ética, traduzida culturalmente por felicidade e harmonia interior que se dissemina no meio-ambiente.

O resto é fraude. Fraude de bárbaros bacharéis de todas as espécies, os que precisam de leis e os que a produzem em nome de interesses privados, contra tudo o que é vida.

I have a lot of truths for you. And then, You make yourself a man!

Estou farta. Estamos todos fartos. Eu... vou ampliar meu arco e aprumar minha flecha.

Vera Lucia Conceição Vassouras

(grifos nossos)


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