domingo, 14 de agosto de 2011

Aos pais que neste dia não podem abraçar seus filhos


Por Nilson Falcão – Diretor da Pais por Justiça e PAI do Allan

Em 11 setembro de 2001, o mundo era assolado pelos atentados terroristas. Lembro de assistir a todos os noticiários durante dias, pensando comigo: Loucura colocar um filho neste mundo. Um mês depois, um exame confirmava que eu seria pai. Eu colocaria um filho neste mundo. Nada planejado e a ficha ficou em suspenso... Eu tinha outros projetos e planos para a vida, mas a notícia me trouxe uma felicidade perene. A ficha só caiu no dia em que entrei numa banca-livraria e parei frente às prateleiras de revistas e livros, dando logo meia volta. Eu tinha que conter gastos para o enxoval do bebê. Ali percebi que o eixo do meu mundo se deslocara, que eu não estava mais no centro, que agora a referência que fazia minha vida se mover e meu mundo girar era outro ser... meu filho.

Eu não tinha preferência por menino ou menina, mas no dia em que soube que seria um menino a paternidade ganhou uma materialidade mais palpável... não era mais uma “gravidez”, um “bebê”... era UM FILHO. E, em devaneios previsores, eu projetava que o meu eixo seria fincado na amizade, orientação, educação e, principalmente, muito amor e carinho.

Mas a lâmina do rancor materno não demorou a fazer um corte seco e ao mesmo tempo profundo nas nossas almas. A balança da Justiça se engessou. As sementes do afeto germinaram, mas a separação longa e injusta... forçada e dolorida... nos priva do devido fertilizante: a convivência... e sentimentos são quase abortados. E nós, pai e filho, agonizamos acorrentados num penhasco caucasiano enquanto o abutre da alienação parental devora nossos cérebros...
E, no dia de hoje, quando sou lembrado de que o eixo da minha vida é um filho, não vejo este filho girando em torno de mim, em torno do mundo de amor que criei para ele.

Então, nós, pais que hoje não podemos abraçar nossos filhos e receber destes nenhuma demonstração de afeto, devemos buscar conforto no amor que semeamos e que será sempre como o sol... nuvens negras podem até encobrir, mas nada pode apagar.

Obrigado, filho, por mesmo ausente e com toda a dor que esta ausência traz, você conseguir a proeza de me sentir ser pai, TEU PAI. Te amo e te espero... o eixo continua girando...

(O desenho que ilustra esta postagem foi feito por mim e pelo meu filho, em março de 2005.)

Um comentário:

  1. Olá Nilson,

    Dia dos pais geralmente é uma data de muito sofrimento. Minha notícia feliz é que meu filhote já começa demandando minha presença; A despeito de todos os abusos da justiça e da família materna, meu pequeno quis que o papai fosse em sua festinha na escola. Finalmente pude saber onde ele estuda, ainda tive companhia fora das cercas da casa (devidamente monitorado, é claro). Apesar da escolta ser uma situação extremamente vexatória, ainda assim considero que meu dia dos pais deste ano (que pra mim aconteceu numa quarta-feira) foi um verdadeiro presente.

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